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Estímulo à literatura e à cultura em geral
domingo, 28 de maio de 2017
quinta-feira, 21 de março de 2013
TRICOTILOMANIA - É DE ARRANCAR OS CABELOS...
A tricotilomania é um transtorno do controle dos impulsos que tem como característica principal o comportamento recorrente de arrancar os cabelos, resultando em perda capilar perceptível, seja de uma pequena região do couro cabeludo ou mesmo em toda a sua extensão. O paciente apresenta uma sensação de tensão antes de arrancar o cabelo (que pode ser arrancado a cada fio ou mesmo em mechas) e apresenta uma sensação de alívio ou satisfação após arrancá-lo.
Acredita-se que o transtorno seja mais comum em mulheres que em homens e em geral seu início se situa na infância ou adolescência. Alguns pacientes podem arrancar cílios, pêlos da axila, pubianos e outros. Há casos em que, após arrancarem os cabelos, os pacientes mordem e até engolem as raízes. Os casos mais graves (felizmente raros) são chamados de tricobezoar, em que os pêlos engolidos formam uma bola de pêlos no trato gastrointestinal, podendo provocar risco de vida, principalmente por obstrução.
Alguns estudos afirmam que a tricotilomania ocorre devido a uma anormalidade do neurotransmissor serotonina, e que teria uma relação tanto com o transtorno obsessivo-compulsivo quanto com o hábito de roer unhas.
O tratamento medicamentoso preconizado é feito com medicamentos que aumentam a disponibilidade de serotonina entre os neurônios, tal como a antiga clomipramina e fluoxetina.
Imagens: paciente do sexo feminino, 13 anos, atendida hoje no ambulatório de psiquiatria da Sec. de Saúde de Santiago - RS. Também possui o hábito de roer unhas.
Acredita-se que o transtorno seja mais comum em mulheres que em homens e em geral seu início se situa na infância ou adolescência. Alguns pacientes podem arrancar cílios, pêlos da axila, pubianos e outros. Há casos em que, após arrancarem os cabelos, os pacientes mordem e até engolem as raízes. Os casos mais graves (felizmente raros) são chamados de tricobezoar, em que os pêlos engolidos formam uma bola de pêlos no trato gastrointestinal, podendo provocar risco de vida, principalmente por obstrução.
Alguns estudos afirmam que a tricotilomania ocorre devido a uma anormalidade do neurotransmissor serotonina, e que teria uma relação tanto com o transtorno obsessivo-compulsivo quanto com o hábito de roer unhas.
O tratamento medicamentoso preconizado é feito com medicamentos que aumentam a disponibilidade de serotonina entre os neurônios, tal como a antiga clomipramina e fluoxetina.
Imagens: paciente do sexo feminino, 13 anos, atendida hoje no ambulatório de psiquiatria da Sec. de Saúde de Santiago - RS. Também possui o hábito de roer unhas.
terça-feira, 19 de março de 2013
NOVOS PLANETAS
Através de visualização direta de telescópios no Havaí, foi recentemente descoberto um conjunto planetário jovem (com cerca de 30 milhões de anos), orbitando uma estrela situada a 130 anos-luz de distância da Terra (a luz percorre no vácuo, em um ano, nove trilhões e meio de quilômetros), denominada pelos cientistas por HR 8799, 50% maior que o Sol mas 5 vezes mais brilhante. À sua volta, estão os planetas gigantes denominados HR 8799b, HR 8799c, HR 8799d e HR 8799e, sendo que os dois de maior dimensão são dez vezes maiores que Júpiter, e o menor, sete vezes maior que Júpiter (lembrando que Júpiter tem um diâmetro de praticamente 143.000 Km, e a Terra, 12.756 Km). Segundo os cientistas, ao estudarem a luz emitida do "c", foi possível a identificação de água e carbono.
A descoberta, no entanto, precisa também ser confirmada por outros cientistas.
Fonte: astronews.com.br e Estadão
quinta-feira, 12 de julho de 2012
ALCOOLISMO NO BRASIL
Em pesquisa qualitativa realizada
recentemente pelo Ministério da Saúde junto a
jovens do país (Pesquisa Projeto
Novas Políticas no Consumo de Bebidas Alcoólicas –
MS – 2007), foi possível perceber que a questão está
enraizada na cultura brasileira.
Uma das principais constatações
da pesquisa é que o consumo de bebida alcoólica no
Brasil é cada vez mais banalizado
e como se não bastasse, muitas vezes estimulado
dentro da própria família, seja
diretamente, quase como um rito de passagem para a
vida adulta, seja indiretamente,
nos exemplos dados por pais e familiares ao
consumirem bebidas alcoólicas
indiscriminadamente na frente de crianças e
adolescentes. Mais uma vez, o
consumo se mostra como um hábito cultural.
Para agravar ainda mais o quadro,
a indústria da bebida alcoólica é uma das mais
fortes do mercado nacional, sendo
que as mesmas detêm grandiosas verbas
publicitárias, aplicadas na mídia
de massa sem qualquer tipo de cuidado com horário
ou faixa etária da programação.
No ano de 2006, o investimento em mídia da
indústria de bebidas alcoólicas
foi de R$ 907 milhões. Apenas a AMBEV,
maior
anunciante do segmento, investiu
quase metade desse montante (R$ 451,9 milhões).
Esses números refletem não apenas
uma estratégia agressiva de comunicação, mas
também uma necessidade de
aumentar o volume de vendas.
Aliado à forte presença na mídia
está o conteúdo das mensagens divulgadas
pelas
indústrias. A via de regra o
consumo de bebida na publicidade está sempre associado
às situações de glamour, alegria, festa. Há não muito tempo atrás, até
mesmo
elementos infantis eram usados
para a venda de bebidas (tartaruga, caranguejo...),
todos esses elementos tem forte
impacto em crianças e adolescentes, que passam a
criar um comportamento de simpatia
pelas marcas de bebidas alcoólicas. O
uso de
personalidades também cria um
ambiente favorável e estimulante para o
consumo,
tornando essa ou aquela bebida,
mais simpática, mais gostosa ou a melhor.
O problema é que todas essas
mensagens, difundidas a todo o momento e em
qualquer canto do país, acabam
por esconder a realidade que está por trás das
bebidas alcoólicas. As
conseqüências do consumo desenfreado são diluídas na
os problemas causados para a
saúde pública só tendem a aumentar.
Fonte do texto: Ministério da
Saúde
terça-feira, 29 de maio de 2012
A EPIDEMIA CHAMADA CRACK
Praticamente nos últimos dez anos o Brasil viu uma droga atingir os usuários e a sociedade em geral de uma forma ainda sem precedentes. O crack espalhou-se pelo Brasil de maneira rápida e devastadora, levando seus usuários a caminhos muitas vezes sem volta. Em razão da intensidade e rapidez de seus efeitos e, com isto, a intensa fissura por mais uma e outra dose ou pedra, essa droga está mudando até mesmo os conceitos da sociedade em relação às outras drogas ilícitas (principalmente em relação à Cannabis sativa - maconha -), já que alguns estudos relataram que o bloqueio de receptores canabinoides do cérebro diminuiu a fissura pela cocaína e pelo crack. No dia 29 de maio um anteprojeto com novas propostas foi aprovado em Brasília e, se for aprovado em esferas superiores, descriminalizará o porte de pequenas doses de drogas ilícitas. O plantio, desde que para consumo, também não será mais considerado crime. É um sinal de que algo está mudando e que a visão do passado em relação às drogas está realmente (ou mesmo redundantemente) ultrapassada, principalmente depois do advento do crack. E quem também chegou à conclusão de que a guerra contra as drogas não tem o desfecho que se espera foi o próprio ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, chefe da Comissão Global de Política sobre Drogas instituída pela ONU.
Estudos também demonstraram que há forte relação do crack com outras drogas, que serviriam como porta de entrada e/ou potencializariam perigosamente seus efeitos e estas drogas, para espanto de muitos, não são as ilícitas, como a maconha, mas sim as lícitas (o álcool e, em grau menos prejudicial o cigarro, em razão de praticamente não produzir efeitos mentais consideráveis). Ou seja, para um país atacar devidamente um grande problema de saúde pública chamado crack, também deve priorizar o combate às drogas lícitas, que contam com grande apoio da sociedade e da mídia, já que no Brasil a bebida alcoólica, que traz imensos problemas à sociedade de uma forma geral, é amplamente tolerado como substância para a socialização.
Diante da dimensão do problema, as redes de atendimento ambulatorial e hospitalar ainda na verdade são insuficientes e contam muitas vezes com profissionais despreparados. Grande parte dos dependentes de drogas são tratados em comunidades terapêuticas que não recebem um centavo de apoio do Governo Federal devido à sua estrutura, inadequada em relação a vários parâmetros preconizados pelo Ministério da Saúde, mas nem por isso menos eficazes na recuperação de muitas pessoas.
Hoje no Brasil já é descabido falar em fechamento de hospitais e de leitos psiquiátricos, principalmente quando se leva em consideração a deficiente estrutura hospitalar para internações psiquiátricas existente, tanto em hospitais gerais quanto mesmo em manicômios, no que se refere a número de leitos e equipe especializada. Segundo a OMS, o número ideal de leitos para transtornos mentais em um país é referente a 0,5% de sua população, o que no Brasil se situaria em torno de 900 mil leitos. O país conta, no entanto, com menos de 5% deste número, sendo que uma das justificativas seria a rede ambulatorial de atendimento à saúde mental que foi melhorada no país principalmente ao longo das duas últimas décadas, com o surgimento dos CAPS (Centro de Atenção Psicossociais). Mesmo assim, a realidade não é animadora e o país necessita urgentemente de novas políticas de saúde pública em relação aos transtornos psiquiátricos, principalmente depois da proliferação do crack.
Estudos também demonstraram que há forte relação do crack com outras drogas, que serviriam como porta de entrada e/ou potencializariam perigosamente seus efeitos e estas drogas, para espanto de muitos, não são as ilícitas, como a maconha, mas sim as lícitas (o álcool e, em grau menos prejudicial o cigarro, em razão de praticamente não produzir efeitos mentais consideráveis). Ou seja, para um país atacar devidamente um grande problema de saúde pública chamado crack, também deve priorizar o combate às drogas lícitas, que contam com grande apoio da sociedade e da mídia, já que no Brasil a bebida alcoólica, que traz imensos problemas à sociedade de uma forma geral, é amplamente tolerado como substância para a socialização.
Diante da dimensão do problema, as redes de atendimento ambulatorial e hospitalar ainda na verdade são insuficientes e contam muitas vezes com profissionais despreparados. Grande parte dos dependentes de drogas são tratados em comunidades terapêuticas que não recebem um centavo de apoio do Governo Federal devido à sua estrutura, inadequada em relação a vários parâmetros preconizados pelo Ministério da Saúde, mas nem por isso menos eficazes na recuperação de muitas pessoas.
Hoje no Brasil já é descabido falar em fechamento de hospitais e de leitos psiquiátricos, principalmente quando se leva em consideração a deficiente estrutura hospitalar para internações psiquiátricas existente, tanto em hospitais gerais quanto mesmo em manicômios, no que se refere a número de leitos e equipe especializada. Segundo a OMS, o número ideal de leitos para transtornos mentais em um país é referente a 0,5% de sua população, o que no Brasil se situaria em torno de 900 mil leitos. O país conta, no entanto, com menos de 5% deste número, sendo que uma das justificativas seria a rede ambulatorial de atendimento à saúde mental que foi melhorada no país principalmente ao longo das duas últimas décadas, com o surgimento dos CAPS (Centro de Atenção Psicossociais). Mesmo assim, a realidade não é animadora e o país necessita urgentemente de novas políticas de saúde pública em relação aos transtornos psiquiátricos, principalmente depois da proliferação do crack.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
MANICÔMIOS NECESSÁRIOS
No dia 18 de maio o Brasil relembrou a modificação
que houve nas últimas décadas no cuidado aos doentes mentais. O modelo
hospitalocêntrico que houve durante várias décadas, que estava severamente
ultrapassado, desleixado e cruel, foi sendo gradativamente banido. Formou-se
uma rede de atendimento em saúde mental que pode-se dizer bem estruturada país
afora, representada principalmente pelos Centros de Atenção Psicossociais,
conhecidos como CAPS, que prestam atenção às doenças psiquiátricas gerais em
adultos, adolescentes, crianças e dependência de drogas.
Os
hospitais psiquiátricos no passado eram tidos como depósitos de doentes
mentais, em que havia muito desrespeito aos direitos humanos e tratamentos
muito pouco eficazes para a recuperação dos pacientes. Aos poucos, muitos
leitos psiquiátricos foram sendo fechados e o tratamento para o doente mental
sofreu considerável evolução. A reforma psiquiátrica trouxe vários aspectos
importantes neste sentido.
Cabe
lembrar que, apesar de terem existido absurdos durante muitos anos nos
manicômios, onde estavam as autoridades de saúde principalmente nos árduos anos
60, 70 e parte dos 80? Por que este modelo crítico de atendimento psiquiátrico
hospitalar vigorou em algumas instituições durante muitos anos? O modelo antiquado de atendimento de saúde
mental hospitalar em algumas instituições do Brasil só veio à tona no período
da Abertura Política, no governo Figueiredo, na primeira metade dos anos 80. Nesta
época, a RBS TV foi pioneira em levar ao ar no extinto programa RBS Documento,
um retrato de como estava o hospital psiquiátrico São Pedro, na capital gaúcha,
inaugurado em 1884 e um dos principais manicômios do país.
A
reforma psiquiátrica não contava, no entanto, com o surgimento do epidêmico
crack, que hoje, por si só, ordena urgentes reformas
na reforma psiquiátrica. Devido à falta de leitos psiquiátricos para internação
de dependentes desta devastadora droga, fechar leitos nos hospitais
psiquiátricos ainda existentes ou, pior ainda, fechar tais hospitais hoje
representaria um retrocesso. Os manicômios têm ainda uma grande importância
para os doentes mentais, desde que não utilizados para confinamento ou
institucionalização de doentes nem que desrespeitem os direitos humanos.
Alguns doentes mentais, com ausência de juízo crítico e gravemente doentes,
ainda necessitam, sim, de que as portas estejam trancadas e até mesmo serem
contidos fisicamente, quando necessário, até que consigam melhorar. Não há nada
de desumano nisto. Estes aspectos fazem parte do tratamento da doença mental e
serão usados sempre que necessário, principalmente em casos de pacientes
acentuadamente psicóticos e ou violentos, visando unicamente à proteção, não só
do paciente quanto da família e da equipe de tratamento. Estudos recentes da
Universidade Federal de São Paulo demonstraram que o tratamento involuntário
não é menos eficaz que o voluntário no tratamento de drogas, tanto legais
quanto ilegais, por exemplo, como cita o livro "O tratamento do usuário de
crack", da Ed. Artmed, 2ª ed. de 2012.
Assim,
o dia da luta antimanicomial deve sempre ser um dia não somente de
comemorações, mas de debates e reflexões de como anda a assistência à saúde
mental hospitalar e, em razão do surgimento de novos e graves problemas de saúde
mental, quais podem ser as melhores estratégias para seu combate.
Fernando
P. Almeida - Psiquiatra
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