Em pesquisa qualitativa realizada
recentemente pelo Ministério da Saúde junto a
jovens do país (Pesquisa Projeto
Novas Políticas no Consumo de Bebidas Alcoólicas –
MS – 2007), foi possível perceber que a questão está
enraizada na cultura brasileira.
Uma das principais constatações
da pesquisa é que o consumo de bebida alcoólica no
Brasil é cada vez mais banalizado
e como se não bastasse, muitas vezes estimulado
dentro da própria família, seja
diretamente, quase como um rito de passagem para a
vida adulta, seja indiretamente,
nos exemplos dados por pais e familiares ao
consumirem bebidas alcoólicas
indiscriminadamente na frente de crianças e
adolescentes. Mais uma vez, o
consumo se mostra como um hábito cultural.
Para agravar ainda mais o quadro,
a indústria da bebida alcoólica é uma das mais
fortes do mercado nacional, sendo
que as mesmas detêm grandiosas verbas
publicitárias, aplicadas na mídia
de massa sem qualquer tipo de cuidado com horário
ou faixa etária da programação.
No ano de 2006, o investimento em mídia da
indústria de bebidas alcoólicas
foi de R$ 907 milhões. Apenas a AMBEV,
maior
anunciante do segmento, investiu
quase metade desse montante (R$ 451,9 milhões).
Esses números refletem não apenas
uma estratégia agressiva de comunicação, mas
também uma necessidade de
aumentar o volume de vendas.
Aliado à forte presença na mídia
está o conteúdo das mensagens divulgadas
pelas
indústrias. A via de regra o
consumo de bebida na publicidade está sempre associado
às situações de glamour, alegria, festa. Há não muito tempo atrás, até
mesmo
elementos infantis eram usados
para a venda de bebidas (tartaruga, caranguejo...),
todos esses elementos tem forte
impacto em crianças e adolescentes, que passam a
criar um comportamento de simpatia
pelas marcas de bebidas alcoólicas. O
uso de
personalidades também cria um
ambiente favorável e estimulante para o
consumo,
tornando essa ou aquela bebida,
mais simpática, mais gostosa ou a melhor.
O problema é que todas essas
mensagens, difundidas a todo o momento e em
qualquer canto do país, acabam
por esconder a realidade que está por trás das
bebidas alcoólicas. As
conseqüências do consumo desenfreado são diluídas na
os problemas causados para a
saúde pública só tendem a aumentar.
Fonte do texto: Ministério da
Saúde