quarta-feira, 12 de outubro de 2011

BANCÁRIOS EM GREVE

      Repete-se no país o que já ocorre há muito tempo: insatisfação com o que se recebe no fim do mês. Nada de novo para um país em que os salários baixos são de praxe. Novamente representantes de um segmento importante da sociedade (se é que há algum segmento que não seja importante) reivindicam mais ganhos. E isto não é à toa, pois os bancários acreditam que pelo trabalho que prestam à sociedade merecem ganhar mais. Mas não são os únicos, pois outros servidores da iniciativa privada e também federais e estaduais lutam constantemente contra as desvalorizações salariais, protestando com frequentes greves. Uma das verdades é que os bancários, que trabalham direta e diariamente com o dinheiro alheio, veem na tela do computador de trabalho o Brasil crescer, veem os banqueiros prosperarem incrível e facilmente ao aplicarem taxas absurdas a qualquer um que se aventure a pegar dinheiro emprestado ou simplesmente a deixar lá seu dinheiro, veem como é possível ganhar bem mais no fim do mês e constatam que a melhor maneira de ganhar mais é paralisando as atividades. 
      Normalmente a decisão de paralisar se sucede a tentativas de negociação. Mas, ficar esperando a boa vontade dos banqueiros para aumentar os salários dos bancários é praticamente perda de tempo, pois isto implicaria redução de lucros aos bancos. É semelhante à briga dos médicos contra os planos de saúde que repassam remunerações pífias por uma consulta. No Brasil é normal trabalhar muito, com verdadeira dedicação e responsabilidade, ganhar pouco em relação à importância daquilo que se produz ou do serviço que se presta e enriquecer os patrões. À exceção de funcionários do Executivo, Legislativo e Judiciário e militares, em que os salários pagos estão muito acima dos salários da população em geral, há muito poucos outros funcionários do Estado ou da União que ganhem relativamente bem. O fato é que, sempre que dependermos exclusivamente de alguém ou órgão que deposite nosso salário no fim do mês, certamente não receberemos nem aquilo que achamos no mínimo justo.   
      Sofremos então com as consequências da paralisação. Podemos ir presos porque não pagamos a pensão alimentícia em dia. Pagaremos multas, juros ou acréscimos pelo que atrasou. E aí a culpa é de quem? Do bancário. Claro. É fácil culpar alguém. A culpa não é dos banqueiros, é mais fácil pensar. A culpa não é dos que ganham rios de dinheiro, e sim daqueles que querem apenas mais vazão à vertente. A solução pareceria muito simples: demitir todo mundo e contratar quem esteja muito disposto a trabalhar pelos mesmos salários. Mas, claro, isto é o mais difícil. Ou melhor, o impossível. E, também, o absurdo e o indesejado. Enquanto o país gastar vários e vários milhões de reais com despesas de políticos e beneficiar aqueles que trabalham muito pouco em relação à riqueza de que desfrutam, não haverá alguém que esteja satisfeito com seu salário. Enquanto houver a cultura de que é melhor pouco que nada, viveremos e trabalharemos para entregar nosso suor, e também nosso dinheiro, aos outros. Professores federais e funcionários dos Correios, também em greve, estão também errados? Mas, perguntemos ao Tiririca, ao Sarney e aos banqueiros se estão na iminência de entrar em greve. A resposta é só uma.       

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